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Peregrino, peregrinar, peregrinação. Tais termos enunciam a condição do que é transitório, passageiro, provisório, quiçá precário. Revela uma imagem tênue do sentido e significado da vida humana no mundo. E quem peregrina pelas estradas da vida tende a encontrar-se com alguém que passa por situações semelhantes. Permanecer nessa trajetória favorece descortinar horizontes de esperança, animadores e encorajadores de persistência. Estar nesse percurso leva a experimentar cansaços, decepções, desânimos.

Os discípulos em seu peregrinar, voltando à Emaús (Lc 24,13ss), andavam decepcionados, sem graça, tristes, aflitos, sem esperança. Jesus, qual peregrino, achega-se, anda em sua companhia e se interessa por sua situação. Pergunta-lhes, respeitosamente, sem pressa. Percebe sua pouca disposição para falar e insiste em perguntar. Ele bem sabe que esse é um jeito necessário para quem deseja solidarizar-se com o outro. Constitui uma iniciativa explícita de atenção e solicitude para com o próximo. Revela interessar-se por sua vida.

E, ao seguir nesse andar peregrino, Ele os escuta. E com muita calma, pois sabe que essa é a autêntica atitude de respeito e reconhecimento do outro. Mostra sensibilidade para uma sintonia intensa com quem está próximo. A escuta respeitosa do outro é um dos melhores meios para chegar ao coração das pessoas; ouvir seus medos, desencantos e sofrimentos. A escuta atenta é indispensável ao diálogo; favorece para criar laços de confiança e aprofundar a aliança.


Jesus Cristo, Palavra “peregrina” ...

Os bispos da Igreja da América Latina afirmam: “Jesus Cristo é a Palavra do Pai que se fez peregrina, assumindo um rosto humano pobre, manso e humilde”. É possível dizer mais. Jesus, peregrino (“não tem onde reclinar a cabeça”), torna-se companheiro de viagem com quem peregrina pelos caminhos do mundo. Ele busca saber (pergunta) das inquietações que acompanham quem está a caminhar. Se interessa pela situação vital de cada peregrino. Ele sabe “escutar” suas lamúrias, queixas, mas também suas esperanças cheias de vitalidade.

Essa Palavra “peregrina” segue acompanhando os povos, sobretudo aquelas parcelas que sofrem decepções e ameaças em meio às injustiças e violências. Entre esse povo peregrino Jesus continua peregrinando, chamando as pessoas a transformar as realidades que machucam a dignidade da vida. Ele é o peregrino que não abandona e nem decepciona seus discípulos e discípulas.

Esta presença ‘peregrina’ de Jesus, pela Palavra, na vida das pessoas e comunidades ajuda a realizar discernimentos necessários. Motiva a dar atenção às perguntas que surgem em meio às aflições da vida sofrida, entre males e fragilidades. Encoraja para tomar a palavra, dizer, falar das feridas do coração. Convida a escutar, com compaixão, os clamores que emergem em meio às cruzes presentes na multidão.


Animação bíblica, jeito peregrino ...

A comunidade cristã, peregrina neste mundo, é convidada a deixar-se interpelar pela presença “peregrina” da Palavra de Deus. Necessita colocar esta Palavra no centro de sua vida, de suas iniciativas e no coração de cada pessoa. Sua vitalidade, seu vigor em sua peregrinação, tem origem e sustento na sua atenção à Palavra.

A animação bíblica da pastoral constitui aquele “espírito” que desperta e torna crescente a atenção de pessoas e comunidades para a Palavra. Inspira passos a dar para que Ela se transforme em fonte de vida, uma espécie de bússola que orienta todas as decisões e indique o percurso a seguir.

A animação bíblica da pastoral realiza essa presença-jeito de “peregrino” na vida de pessoas e comunidades. Favorece a disposição de perceber o que ocorre no dia-a-dia. Motiva a expressar as motivações mais profundas e decisivas da caminhada de fé. Convida a ousar passos mais firmes, corajosos e cheios de esperança nos caminhos da paz. Aceitas assim peregrinar?

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