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Como surgiu a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes?


No Rio Grande do Sul, especialmente nas regiões litorâneas, próximas ao mar e também aos rios, o mês de fevereiro é marcado pela devoção e pelas festividades em honra a Nossa Senhora dos Navegantes. Santuários, capelas e paróquias são dedicados a Mãe de Jesus sob o título de Senhora dos Navegantes. Mas, você sabe a origem e o sentido dessa devoção?


A história da devoção a Senhora dos Navegantes


A devoção a Nossa Senhora dos Navegantes remonta à Idade Média, na época das Cruzadas, e está intimamente ligada ao título “Estrela do Mar”. Naquele tempo, os cruzados atravessavam o Mar Mediterrâneo rumo à Palestina para proteger os peregrinos e os lugares santos dos infiéis. Tendo em vista os perigos que enfrentariam, esses bravos homens invocavam a Santíssima Virgem Maria pelo nome de “Estrela do Mar”, pois, sob esse título, ela era conhecida como aquela que protegia os navegantes, mostrando-lhes sempre o melhor caminho e um porto seguro para a sua chegada.

Com o início das grandes navegações, por parte dos portugueses e espanhóis, e a descoberta de novas rotas comerciais e terras pelo mundo, a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes cresceu ainda mais e chegou a terras cada vez mais longínquas. Sob esse título, a Santa Virgem é a padroeira dos navegantes e dos viajantes, e é também chamada de Nossa Senhora da Boa Viagem.

A festa é especialmente celebrada em cidades litorâneas

A sua festa é celebrada no dia 2 de fevereiro. Especialmente nas cidades litorâneas, que têm muitos pescadores e se usa muito o transporte marítimo, a devoção a Virgem Maria sob este título é muito popular, atraindo milhares de peregrinos em suas festas.

A devoção a Nossa Senhora dos Navegantes é associada popularmente a Iemanjá. Entretanto, a primeira, que é uma devoção católica, não tem nenhuma relação com a segunda, a não ser que as suas festas são comemoradas no mesmo dia, 2 de fevereiro. Iemanjá é um orixá feminino do Candomblé, da Umbanda e de outras crenças afro-brasileiras, que é comemorada também nos dias 15 de agosto e 8 de dezembro, datas marianas, talvez para associá-la a Nossa Senhora.

A raiz dessa associação entre ambas está historicamente ligada à religiosidade do tempo da escravatura, na qual os portugueses não permitiam aos escravos o culto aos seus “deuses”. Em vista disso, muitos escravos continuaram a cultuar essas entidades nas imagens católicas, para evitar problemas com seus senhores. Isso ainda está enraizado na cultura e na religiosidade de muitas pessoas, que continuam a associar a Senhora dos Navegantes com Iemanjá.


A devoção a Nossa Senhora na região missioneira


Na região missioneira do Rio Grande do Sul a devoção a Nossa Senhora dos Navegantes está associada ao rio Uruguai. Os primeiros colonos que aqui chegaram e se instalaram nas barrancas do rio dependiam do mesmo para o sustento diário. O mesmo também servia como principal canal de locomoção para outras regiões. Naquele tempo era comum o translado de grandes cargas de madeira através do rio Uruguai, por meio de balsas, muitas vezes improvisadas. Não tardou muito para os colonos e ribeirinhos construírem grutas e capelas dedicadas a Nossa Senhora dos Navegantes. A devoção a Nossa Senhora surge em meio aos pedidos de proteção e bênção para aqueles que vivem e dependem do rio.

No ano de 1931 iniciou a primeira festividade organizada, dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes, na comunidade que hoje corresponde a sede do município de Porto Mauá. A festa dedica à Santa começou pequena e foi aumentando, tomando proporções nunca imaginadas. Hoje, 90 anos depois a primeira festividade, chega a reunir mais de 5 mil pessoas. Mas, também nos municípios vizinhos há bonitas manifestações de fé em honra a Nossa Senhora. Alecrim, Porto Vera Cruz, Porto Lucena e Porto Xavier são outros locais onde a devoção se faz presente e move as comunidades locais.


Fonte: com informações da Canção Nova

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