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No caminho, ao peregrinar, na volta à Emaús, Jesus fala aos discípulos, lhes chama a atenção: “como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram”. Ele observa que não tinham percebido a força e a luz da Palavra em sua vida; andavam como nas sombras; não conseguiam “discernir” os fatos que viam; faltava-lhes a compreensão das realidades que presenciavam. Então, “explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele”. Trouxe para “sua escuridão” a luz da Palavra da Escritura.

Há ainda longo caminho a percorrer; é necessário ainda muito peregrinar. É preciso ainda maior familiaridade com a Escritura. É decisivo que a Bíblia esteja mais presente na vida das pessoas e nos encontros das comunidades. Lembra o Papa Francisco: “A Bíblia não pode ser patrimônio só de alguns ... Pertence, antes de mais nada, ao povo convocado para a escutar e se reconhecer nesta Palavra. ... A Bíblia é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da dispersão e divisão à unidade”.

Tal como luz nas trevas, a seiva na planta, a Escritura torne-se, cada vez mais, a alma (força animadora) da pastoral. Isso, no entanto, não sucede por decreto, por desejo momentâneo ou por “inspiração” pontual. Resulta de passos seguidos, de esforço continuado. Por certo, de modo semelhante como no episódio do evangelho: “no caminho para Emaús, Jesus abriu o coração dos discípulos para a compreensão de todas as Escrituras e, no ardor do coração, eles reconheceram o poder criador e redentor da Palavra”.


A Palavra ilumina os passos...

A tradição bíblica mostra como o povo, em sua história, foi descobrindo a força da Palavra de Deus em sua vida e em seu caminhar. Um Salmo, da Bíblia, diz: “Tua Palavra é lâmpada para os meus passos, luz para o caminho”. Em meio às contrariedades da vida, ante dúvidas e incertezas causadas pelas aflições, a luz da Palavra ajuda a firmar os passos no caminho. Ainda, a Escritura afirma: “a Palavra de Deus é viva e eficaz”; e ‘usa’ a imagem “espada bem afiada” para mostrar que a Palavra penetra/mexe ‘fundo’ na vida da pessoa; é intenso critério para discernir opções.

Outro texto bíblico fala: “a Escritura é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar na justiça”. Quem conduz suas iniciativas e práticas à luz da Palavra, torna-se pessoa capacitada para viver ações em favor da vida das demais criaturas de Deus. Em apoio a essa disposição, afirma o Papa Francisco: “temos urgente necessidade de nos tornar familiares e íntimos da Sagrada Escritura”. E acrescenta: “para tal, precisamos de entrar em confidência assídua com a Sagrada Escritura”. Essas expressões confirmam a intensa vitalidade que brota da Bíblia e se torna sustento do testemunho das pessoas e orientação da vida comunitária.


Animação bíblica da pastoral

A Palavra de Deus ilumina a existência humana. Esta luz nem sempre é percebida; ou não é acolhida; está presente, mas é ignorada. No caminho com os discípulos, Jesus aviva sua memória dos textos bíblicos; recorda-lhes passagens da Escritura. Realiza, com eles, uma “re-leitura” de textos conhecidos com nova luz, novo olhar.

Na caminhada das pessoas e comunidades, a animação bíblica da pastoral é tão decisiva como foi Jesus ao caminhar com os discípulos para Emaús. Ela é força e jeito que motiva a busca e acolhida da luz da Palavra na vida de fé e na prática da justiça. Ajuda a entrar na dinâmica da Palavra, a crescer na familiaridade com a Bíblia, a ter a Escritura como “companheira de viagem” nas estradas do mundo. Queres essa “confidente” em teu viver?


Pe. Carlos José Griebeler

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