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Animação Bíblica da Vida e da Pastoral


A Diocese Angelopolitana, em seu 18º Plano de Pastoral, expressa desejar ser “Igreja de inspiração bíblica”. No texto afirma: “mais do que conhecer a Bíblia, importa que a Igreja e seus membros sejam bíblicos, ... que continuem a viver a fé do povo da Bíblia”. A prioridade pastoral para 2020: Ano da Bíblia. Este jeito de propor disposições e atitudes para a fé e vida cristã das pessoas responde, também, ao propósito da ‘animação bíblica da vida e da pastoral’.

Tal modo de motivar fé e vida das pessoas tem sua base numa importante mudança de compreensão. Resulta da percepção de que não basta uma pastoral da bíblia; é mais decisivo que haja uma animação bíblica de toda vida e de toda a pastoral. Ou seja, que a palavra bíblica esteja “presente”, motivando todas as práticas e atividades comunitárias.

Esta forma de ver e buscar caminhos de fé e vida cristã é também assumida pelos bispos da Igreja da América Latina. Em seu esforço, com as experiências já vividas, a partir de muitos sinais de esperança surgidos nas comunidades, escreveram um importante documento (‘Orientações para a Animação Bíblica da Pastoral na América Latina e no Caribe’) sobre tal questão. É oportuno, pois, anotar algo de suas intuições básicas.

Ponto de partida...


No seu texto, os bispos dizem: “as Sagradas Escrituras são a fonte da evangelização. Portanto, é necessário formar-se continuamente para a escuta da Palavra. A Igreja não evangeliza se não se deixa continuamente evangelizar. É indispensável que a Palavra de Deus seja cada vez mais o coração de toda atividade eclesial”. Assim, mencionam este novo modo de entender: a importância decisiva da ‘animação bíblica da pastoral’.

E na elaboração desse ‘documento’, os bispos tomam como referência, buscam inspiração no “percurso dos discípulos de Emaús”. É, pois, uma base bíblica. A reflexão apresentada percorre a narrativa do evangelista Lucas (Lc 24,13-36). E, ao fazê-lo, propõe “sete sinais que expressam as etapas deste processo: o Caminho, o Peregrino, a Escritura, a Casa, o Pão, o Coração e a Missão”.

Sete sinais...


O relato dos discípulos de Emaús é inspirador e motivador para a fé e vida cristã. Aqui é, brevemente, tratado algo destes sete sinais. Cada sinal merece, por certo, uma reflexão própria.

O texto situa os discípulos no caminho. Enquanto iam e conversavam, Jesus se aproxima e começa a caminhar com eles. Eles não o reconhecem. “O caminho é um símbolo universal da vida. Jesus se faz presente no caminho, na vida de seu povo, de seus discípulos”, que nem sempre o reconhecem. Ressalte-se: Jesus caminha com as pessoas.

Ao caminhar com eles, Jesus se faz peregrino. Interessa-se por eles, pergunta, permite que se expressem, escuta o que lhe dizem. Mesmo que eles narrem todo o peregrinar de Jesus, precisam viver a experiência do Ressuscitado para reconhecer sua presença entre eles.

Após escutá-los, Jesus lhes explica, traz a sua memória a escritura. Eles não tinham, ainda, entendido o que acontecera. “E esta Escritura só pode ser lida à luz da fé”. Precisa despertar maior confiança em Deus. A Escritura ajuda a perceber a presença de Deus na vida.

Já próximos de seu povoado, Jesus fez de conta que ia adiante. Eles o convidam para ir a sua casa. “Ele entrou para ficar com eles”. Há a iniciativa deles. “Jesus não quer impor nada a eles; sua presença e sua proximidade devem ser solicitadas com liberdade”.

Na casa deles, “à mesa, na hora de comer juntos, Jesus faz o rito de partir o pão”. Neste gesto, Ele se revela; e eles o reconhecem; vivem este encontro com o ressuscitado.

Ao reconhecer Jesus, no partir o pão, os discípulos passam a ver sua vida de outro modo. Afirmam: “não estava ardendo o nosso coração quando nos falava das Escrituras?” Ao caminhar com eles, Jesus os ajuda a perceber novos jeitos de encontro com Ele. É fazer arder o coração.

Esse encontro com o ressuscitado os põem em movimento. Após o reconhecerem, levantam-se, de noite, e voltam à comunidade. É a missão. “Ao descobrir Jesus no meio deles, o medo da noite se transforma em audácia missionária e a tristeza se converte em alegria pela certeza do Ressuscitado.”

Eis sinalizado um instigante percurso para ‘animação bíblica da vida e da pastoral’. Por certo merecedor de meditações mais ampliadas e específicas para cada um desses sinais. É uma interessante proposição. Que te parece?

Pe. Carlos José Griebeler

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