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E, de repente, por força de uma pandemia, as questões da vida humana, o jeito de viver, o modo de organizar o dia-a-dia da vida parece que ficam em “suspenso”. Notícias, as mais diversas, surgem de todos os quadrantes. Informações, confiáveis ou nem tanto, correm velozes. Orientações e dicas de precaução parecem ser o mais importante. Restrições aos modos habituais de viver parecem ser decisivas. Incertezas pairam no ar. Inquietações acompanham as pessoas em relação aos modos mais adequados de proceder.

Ao mesmo tempo em que a Campanha da Fraternidade alerta e convida para refletir sobre a Vida, a busca por assegurar a garantia de vida sem doença parece ser a questão decisiva. Por intrigante que pareça ser; por paradoxal que se apresente esta nova realidade; por inquietantes que se revelem os cuidados a ter; por certo, emerge uma dimensão nem sempre bem lembrada pelas pessoas: a vida de todas as criaturas é preciosa; é um bem inestimável; no entanto, por incrível que isso possa parecer, a vida é por demais frágil; necessita, sempre, ser acolhida, acompanhada, cuidada, respeitada.

A crise provocada pela eclosão da pandemia, nesse tempo, é preocupante. Apresenta-se complexa. Causa perplexidades. Gera desconfortos. Provoca sérias, intensas e profundas reflexões. É necessário que se a enfrente. Não há como ignorar, querer passar indiferente, como se nada se tivesse a ver com o que acontece. Ao mesmo tempo, constitui uma oportunidade para que as pessoas, a humanidade se dê conta, que possa aprender que todas as formas de vida, humana, vegetal e animal, convivem na mesma Casa Comum, habitam o mesmo planeta Terra. Todas as formas de vida estão interligadas e são, juntas, o mesmo ecossistema! É vida a pulsar, a ser protegida, a ser promovida.

Vidas ameaçadas...

As distintas formas de violências e realidades que ameaçam, põem em risco e machucam a dignidade da vida, das diversas formas de vida, acabam por resultar numa espécie de ‘banalização’ da vida. Tem-se a impressão de que a vida vale muito pouco. E fica a percepção de que a vida sempre parece estar ‘por um fio’! Dificuldades para ter apreço pela vida; as fragilidades sempre maiores de vínculos comunitários; individualismo crescente que tende a tornar-se egoísmo, tendem a colocar a pessoa em situações de competição (como se isso fosse o específico humano!). Nesse quadro, a outra pessoa passa a ser vista como adversária, como inimiga a ser superada, vencida e não como alguém que caminha ao lado, a ser amada. Assim, “as relações de solidariedade e fraternidade vão se diluindo”. E a vida fica entregue “à própria sorte”!

Além dessas ameaças às diversas formas de vida é preciso considerar o conjunto de agressões à natureza. Papa Francisco tem alertado de que a natureza não é algo separado de nós como coisa a apenas usufruir. Ele lembra: “estamos incluídos nela, somos parte dela”. E, por isso, insiste: “é necessário ter atenção para com o todo da vida, incluindo os ambientes em que vivem as pessoas”.

E o texto base da Campanha da Fraternidade anota: “o olhar que destrói a natureza nasce da incapacidade de percebê-la em sua singularidade. A natureza requer paciência para oferecer a nós o melhor ar para respirarmos; a melhor água para nos saciar; o melhor frescor da brisa suave em tempos cálidos; a chuva mansa que traz vida à terra. Terra que é mãe a nos oferecer seus mais belos frutos. Mãe que cuida e a quem devemos cuidar. Por que então não estamos cuidando dela como deveríamos?” Em meio a essas luzes e sombras, emerge a pergunta: qual será seu olhar?

Pe. Carlos José Griebeler

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