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Mais uma vez estamos vivenciando a base da fé cristã: “a ressurreição de Jesus - o nazareno”. A passagem bíblica do episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) permite perceber, numa dinâmica bem catequética, a certeza e a esperança de que o projeto de vida digna para todos não havia sido derrotado, mas continuava vivo e possível de ser construído. Os diálogos estabelecidos na narrativa deste evangelho, apontam para necessidades a serem vistas para entender a vitória de Jesus sobre a morte.

Com a expectativa criada a favor dos pobres/trabalhadores/povo em geral, apontando mudanças estruturais, mudanças de relacionamento (libertação das leis opressoras e excludentes), com o enfrentamento da “ordem estabelecida “ (templo/poder), Jesus atrai uma nova esperança, esperança de vida melhor. Seu ensinamento (conscientização da realidade) produz um vislumbrar de mudanças, capaz de libertar o povo do jugo opressor. Jesus consegue fazer crer que “outro modo/mundo é possível” a partir da prática do amor. Mudança que exige a desinstalação do sistema estruturado sobre a exploração dos mais fracos. Isso acarreta perda dos privilégios das elites dominadoras. Essas por sua vez, também tem a clara consciência de que os seus privilégios e poder estão seguros enquanto conseguem manter a exploração sobre o povo. A pregação e a prática de Jesus os contraria e passam a sentir a ameaça da perda dessa condição. O resultado todos sabemos e está claramente expresso em Jo 11,45-54 e: “...a partir desse dia, as autoridades dos judeus decidiram matar Jesus...”. Matar Jesus, aparentemente elimina o risco de mudanças. É derrota da esperança, naquele momento.

No caminho de Emaús, Jesus percebe a angústia e a perda da esperança dos discípulos, que haviam criado a “expectativa do novo”. A necessidade para perceber que o projeto do Reino não fora derrotado, era necessário recorrer à HISTÓRIA do povo bíblico: “...então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava...”. Aí temos um elemento que auxilia na compreensão para protagonizar alternativas capazes da promoção da vida : CONHECER A REALIDADE. Fazer ressurgir/ressuscitar a esperança. Ao partir o pão os discípulos reconhecem Jesus vivo, reconhecem o projeto que traz vida.

A partilha do pão (entendido como todas as necessidades básicas da vida) é a condição. E esta é possível. Não morreu. Porém, é preciso voltar ao engajamento comunitário: “...na mesma hora levantaram e voltaram para Jerusalém...”. As reflexões trazidas pela CNBB (texto base da CF2023), ao apontar para o grave problema da fome, também são de uma riqueza imensa para a superação do pecado da desigualdade social. A esperança está na PARTILHA e na mudança da política de exclusão.

Crer que outro modelo de sociedade é possível é perceber que este modelo que está aí não serve para o povo. Mas é preciso também perceber que esta mudança precisa da ação de todos nós e de forma organizada e consciente. A esperança não morreu e não morrerá. Jesus ressuscitou e está vivo no meio de nós.

Autor: Ivo Antônio Bohn Gass - Catequista e coordenador do Ministros

da Forania de Santo Cristo

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