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Eleições 2020: O que os bispos estão dizendo sobre o processo eleitoral


Em sua tarefa de pastorear o povo de Deus, os bispos sempre buscam orientar os fiéis sobre as realidades da vida. Os processos políticos também fazem parte do conjunto de realidades tocadas pelos ensinamentos à luz do Evangelho. No contexto das Eleições Municipais deste ano, a Igreja tem oferecido sua contribuição para que a prática da política busque sempre a justiça e o bem comum.

O arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer, em artigo para o jornal O São Paulo, ressaltou que os cidadãos católicos “não devem ficar alheios à vida política, mas participar da promoção do bem comum”. Recordando o Papa Francisco, citou que um bom católico deve estar interessado na política e oferecer o melhor de si para que o governante governe bem.


A orientação da Igreja

O cardeal arcebispo de São Paulo também falou que orientação dada pela Igreja, por meio dos bispos, “não se trata de apoio a partidos ou de recomendação do voto para determinados candidatos”, o que é vetado pela lei eleitoral brasileira e pela própria lei da Igreja.

“Trata-se de orientações básicas sobre a organização política do Brasil, os ensinamentos da Doutrina Social da Igreja a respeito da participação na vida política, os direitos e deveres de cidadãos e governantes e esclarecimentos sobre questões relativas às eleições municipais deste ano. Nas cartilhas disponibilizadas, também se indicam as qualidades de um bom político e o que se espera dele no cargo que pretende ocupar”, explicou dom Odilo.


Iniciativas “esclarecedoras e educativas”

Em seu artigo, também são recordadas as várias iniciativas “esclarecedoras e educativas da Igreja” no contexto das eleições, como cartilhas, as Campanhas da Fraternidade que abordam temas relativos à vida pública no Brasil e à promoção do bem comum, a participação ativa da Igreja na promoção de leis de iniciativa popular para moralizar a política e os pronunciamentos dos bispos em relação a questões da vida política, econômica e social do País.

“Quando a Igreja Católica se manifesta por meio do Papa e dos bispos sobre questões da vida pública, ela o faz motivada pelo seu dever de servir a comunidade humana e de participar na edificação do bem comum. Suas motivações não são a conquista do poder político, que não lhe compete, e sim suas convicções, baseadas no Evangelho de Cristo e nos princípios morais decorrentes de sua fé. Como instituição presente na sociedade, com reconhecimento público, ela tem o direito e o dever de participar da edificação da sociedade”, disse o cardeal.


Vocação dos cristãos leigos

As orientações dos bispos também reforçam o chamado aos cristãos leigos e leigas para participarem ativamente da vida pública e colocarem-se a serviço nos processos políticos. “Em particular, cada católico, como cidadão, tem esse direito e dever, que não lhe pode ser negado pelo fato de praticar e seguir uma fé religiosa. Ele deve ser um sujeito político consciente e interessado na promoção do bem da cidade, escolhendo candidatos idôneos e competentes para o exercício dos diversos cargos políticos”, destaca dom Odilo Scherer.

Confira o artigo do cardeal na íntegra.


O arcebispo de Salvador (BA), cardeal Sergio da Rocha, também ofereceu uma reflexão sobre a participação dos cristãos na política, em artigo publicado no jornal Correio. Para o primaz do Brasil, “não se pode relegar a fé à esfera privada ou ao interior dos templos. Tal postura equivocada ignora que a pessoa humana não pode ser concebida como indivíduo fechado sobre si, sobre sua liberdade e interesse próprio, mas como pessoa aberta ao ‘Outro’, que é Deus, e aberta ao ‘outro’, que é o próximo”. Para dom Sergio, a fé repercute não apenas nos círculos mais próximos, de cunho familiar ou comunitário, mas se expressa também nos diversos ambientes e situações da sociedade.

Dom Sergio destaca ainda a necessidade de “aprofundar criticamente a presença cristã na política e em outros âmbitos da vida social, pois ela não pode ser vista apenas pela ótica quantitativa”. O cardeal exorta sobre o desafio de atuar na política de modo coerente com o Evangelho, “respeitando-se a justa autonomia das instituições religiosa