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Medo. Rosto triste. Aflição. Incertezas. Decepções. Sensação de fracasso. Desencanto. Desânimo. Eis aspectos do “estado de espírito” daqueles caminhantes, como que fugitivos, para Emaús. Sentiam o coração perturbado, a esperança esvaziada. “Lentos” para compreender o que sucedia em sua vida. A companhia do “estranho” peregrino, seu jeito de perguntar, os escutar e, em especial, de lhes falar ao coração os ajudou a ver de maneira nova. Mais tarde dizem: “não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32)

Contrariedades e ameaças causam “aperto” no coração. Em tais situações as pessoas não buscam explicações. Desejam a companhia de um coração cheio de compaixão. Que se lhes mostre acolhedor e compreensivo. E esperam que se lhes dirija palavras ao coração, consolo, amparo e que encorajem. Que encante e entusiasme o seu coração.

Na comunidade de fé surgem realidades que desalentam o coração de seus participantes. Para tais situações é decisiva a animação bíblica da pastoral. Desperta as pessoas para “escutar a Palavra com um coração bem disposto e bom”. Desse modo, afirmam os bispos: “a Palavra revelada, comunicada, explicada, vivida, celebrada e testemunhada, torna-se a luz para sua vida pessoal e para a vida dos outros, capacitando a responder com um coração nobre e generoso ao chamado do Senhor”.


O coração arde...

A companhia no caminho, a escuta atenciosa e a palavra oportuna do “peregrino”, que se aproximara, ajudou a ‘aquecer’ o coração dos discípulos caminhantes. Seu coração se animou a ponto de convidarem o ‘estranho’ a entrar em sua casa. E, com o coração generoso, partilham com o visitante seu singelo pão de cada dia. Este gesto “cordial” (de coração!) os faz vencer suas cegueiras e dificuldades. De seu coração emerge a certeza: Jesus ressuscitado está presente em sua vida.

Tanto a tradição bíblica quanto a experiência popular utilizam expressões como ‘coração duro’, “coração de pedra”, ‘frieza de coração’ e outras tantas. Com elas mencionam a insensibilidade, ingratidão e outras dificuldades na convivência fraterna. Necessitam de palavra que faça arder o coração.

Na vida das pessoas e comunidades, importa favorecer jeitos que ajudem na maior familiaridade com textos bíblicos. Não esquecer, porém, que mais do que ler e apenas entender (“cabeça”, razão!) é decisivo escutar e acolher (“coração”, afeto!) a Palavra de Deus. Mais do que conhecimento, necessita tornar-se força na vida de quem a acolhe (internaliza!) e se deixa conduzir por Ela. Que faça arder o coração das pessoas; “caso contrário, o coração fica frio”, lembra o Papa Francisco.


Animação bíblica, ‘coração’ da pastoral...


O texto bíblico lembra: “esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir” (Dt 30,14). Do coração aquecido pela força da Palavra ‘brotam’ palavras de alento a quem vive aflito; surgem atitudes de compaixão com quem sofre as desventuras da vida; ‘nascem’ gestos solidários a fortalecer a busca da paz.

A animação bíblica da pastoral constitui-se como este “espírito criativo”, a estar presente em toda vida comunitária, ajudando as pessoas “a descobrir a Palavra de Deus como fonte de vida que fortalece a fé, renova a esperança e ensina a viver a caridade fraterna”. Impulsiona as pessoas a viver “ao ritmo da Palavra” em todas as iniciativas em prol da vida “com um coração dócil e humilde”, mas que seja, ao mesmo tempo, coração que “arde” no amor. Sentes teu coração “arder”?


Pe. Carlos José Griebeler

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