O CORONAVÍRUS e a QUARESMA
Fomos, sem dúvida, todos surpreendidos com o surgimento da peste do Coronavírus. É uma ameaça real para a saúde e a vida de todas as pessoas, especialmente das mais fragilizadas (com baixa imunidade). Para lhe fazer frente ou travar a sua propagação, a palavra de ordem é “recolher-se”, “ficar em casa”, evitar aglomeração de pessoas. Na prática, isso significa suspender ou cancelar todos os eventos econômicos, sociais e religiosos (inclusive missas e outras celebrações comunitárias). Isso significa que vamos ter uma Quaresma diferente, e até uma Páscoa diferente, sem podermos participar, presencialmente, das celebrações do Mistério Central da nossa fé – o Mistério Pascal. Podemos participar espiritualmente, e sintonizando com celebrações transmitidas via rádio, TV ou redes sociais. Não é o desejável, mas acredito que deste “limão” dá para fazer uma “limonada”. Sem querer, vamos fazer um “retiro”, talvez mais de 40 dias. Já no Primeiro Domingo da Quaresma, o relato de Jesus, rezando e jejuando 40 dias no deserto, nos convidava para esse retiro; fazer da Quaresma realmente um tempo diferente, mais dedicado a Deus, às pessoas e a nós mesmos. É hora de nos recolher, olhar para dentro de nós. Rever nossos valores e nossas atitudes. É hora de conversão, deixar-nos iluminar pela Palavra de Deus, motivar e fortalecer por sua presença de amor. Sem eventos, sem barulho, o contexto nos ajuda. Mais do que nunca, esse “retiro”, embora forçado, pode ser uma grande oportunidade para fortalecer ou redescobrir o verdadeiro sentido da vida. Enquanto muitos, acometidos da doença, sentem-se frágeis e dependem do serviço solidário e abnegado de irmãos (ãs) (médicos, enfermeiras), outros arriscam sua própria vida por eles. Damo-nos conta do valor e da fragilidade da vida. É o amor que dá sentido à vida e nos fortalece em nossas fragilidades. Aproveite bem esse tempo! Que não seja um tempo perdido, mas de amadurecimento humano e de crescimento na fé! Boa Quaresma e, desde já, Feliz e Abençoada Páscoa a todos e todas!
Pe Aloísio Ruedell Santo Ângelo, 21 de março de 2020.